quinta-feira, 5 de dezembro de 2013

Hunted hunter - Capitulo 5: Cross Fear



Não esqueça de conferir os capitulo anteriores:

cap.1- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/10/hunted-hunter-capitulo-1-bloodlines.html

cap.2- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/11/hunted-hunter-capitulo-2-vampire-killer.html

cap.3- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/11/hunted-hunter-capitulo-3-dance-in.html

cap.4- http://kenneneashespace.blogspot.com.br/2013/11/hunted-hunter-capitulo-4-crystal.html


   
  
  
   Em algum lugar...
   - Você estava certo. Ele está mesmo vindo para cá.
    Uma mulher mascarada em um longo vestido roxo, olhava por uma janela, encarando a chuva do lado de fora. Falava com um senhor à suas costas, um cavalheiro de cabelos e barba brancas. O senhor sorriu para ela:
   - Eu te dou o que você quer, e você me dá o que eu quero.
   A mulher sorriu por baixo da mascara e assentiu com a cabeça.
   Uma mocinha de vestido dourado e cabelos vermelhos se aproximou do senhor e lhe tocou os ombros.
   - Está na hora - disse ela - temos trabalho a fazer.
   O cavalheiro consente e deixa a sala com a moça de dourado. A mascarada toca o vidro da janela e suspira:
   - Gabriel...


                                                                              ***

  " Nada pior que uma chuva para atrapalhar a viagem de duas pessoas que viajam a pé!"
   Gabriel repetiu essa frase varias vezes, resmungando por terem sido pegos por uma chuva inconveniente no meio da sua viagem. Sônia suspirava cada vez que ele repetia aquela frase, preferia que ele ficasse quieto, mas... Gabriel tem que ser Gabriel...
   - Poderia ficar mais calmo por favor? - pediu ela - tem uma aldeia logo ali.
   Sônia apontou para uma placa entre umas arvores que indicava um caminho na mata. Ao se aproximarem, puderam ler  placa:" Ravenest". Mais abaixou, pintado de tinta vermelha, uma frase: "Entre por conta e risco!"
   - Parece que é bem o nosso tipo de lugar. - disse Gabriel, sorrindo de canto. - Um fosso fodido e possivelmente assombrado.
   - Não faça graça! essas pessoas podem estar precisando de ajuda!
   - Ok. Vamos dar uma olhada, até porque não parece que temos muita opção, precisamos de um lugar pra passar a noite e recarregar.
   A dupla tomou o caminho para Ravenest, acelerando o passo; a chuva estava fazendo escurecer mais depressa.
   Sairam da floresta onde estavam e correram por um caminho de barro molhado até encontrarem um vilarejo. Várias casinhas com telhado de palha, coberto por escuridão. Nenhuma luz de nenhuma das janelas.
   - Abandonada? - perguntou Sônia.
   - Não, tem alguém ali.
   Entre as casinhas, havia um homem parado, na chuva. Estava escuro, mas era possível vê-lo ali, quase imóvel.
   - Ei. Ei você! - chamou ele, se aproximando.
   O homem no entanto não se moveu. Sônia empunhou sua cruz, estava com um pressentimento terrível. Seguiu de perto seu parceiro, que adentrava a vila.
   As casas estavam todas fechadas, não era como se estivessem sido abandonadas... tinha algo muito estranho ali.
   - Ei! eu falei com você! - Gabriel tocou o homem no ombro e o virou para si.
   O homem rosnou para ele. Seu rosto era cadavérico, parcialmente comido. Suas roupas estavam sujas de barro. Suas mãos eram como o rosto; podres e corroídas. Os caçadores deram um pulo para trás, com o susto. O homem começou a andar na direção deles, arrastando uma das pernas.
   - Mas que diabos tá acontecendo aqui?
   A sacerdotisa ficou costa-a-costa com seu parceiro.
   - Gabe? acho que temos um probleminha aqui.

   Estavam cercados. À volta deles, dezenas de outros camponeses apodrecidos. Não apenas adultos, algumas crianças também. O caçador desenrolou o chicote.
   - Quanta miséria - lamentou ela - Em nome de Deus, eu não posso permitir que essas pessoas sofram dessa forma.
   O chicote cortou o ar, abrindo um talho incandescente no peito do zumbi que se aproximava.
   - Vamos dar descanso a eles.
   Sônia apontou para frente sua cruz e orou:
   - Fugata daemones et spiritus nequam
   Os camponeses zumbis recuaram com a luz divina que emanava do corpo da sacerdotisa. Eles pareciam sentir medo da presença dela. 
   Se separaram; cada um com seu estilo;Gabriel espancava e rasgava os zumbis com brutalidade, e Sônia usava a presença de Deus para livra-los daquela dor pós morte.
   - Auferte! 
   Ela apontava a cruz e os zumbis naquela direção desmanchavam como lama. Quando o ultimo deles foi destruído, os dois se reencontraram no centro da vila, onde havia um poço.
   - Acho que esses foram os últimos. Você está bem? - perguntou ele, enrolando o chicote.
   - Estou bem, mas ainda tem algo que em incomoda.
   - A mim também. Esse lugar não parece abandonado. Esse poço está em ótimas condições, e eu vi umas plantações ali atrás... E esses casas...
   Ele deu um passo em direção a uma das casas e gritou:
   - Saiam daí!
   - Gabriel! seja mais delicado!
   - Nós sabemos que vocês estão escondidos aí!
   - Nós nos livramos de todos os monstros, não precisam mais ter medo!
   Alguém abriu uma fresta na janela...


                                                                  ***

   O vilarejo de Ravenest e seus habitantes tinham uma vida dupla: de dia, eles trabalhavam e cuidavam do crescimento da vila, eram felizes. De noite, todos se trancavam em suas casas, pois os mortos, seus mortos, levantavam do túmulo e assombravam as ruas. No começo, eles não entendiam o que acontecia e muitos foram mortos pelos ataques surpresas dos mortos. Foi então que descobriram que se ficassem trancados em casa sem fazer barulho, os mortos passariam a noite nas ruas e voltariam aos túmulos, ao amanhecer, sem ferir ninguém.
   A chuva ainda caia do lado de fora. No centro da casa, uma fogueira os aquecia ao mesmo tempo que esquentava agua em uma chaleira. Gabriel e Sônia estavam enrolado em toalhas, sentados no chão, ouvindo as historias da família que os acolheu.
   - Sentimos muito por seus mortos - falou Gabe - mas acho que eles não voltam mais.
   - Mas o que poderia ter causado isso? - perguntou a Sacerdotisa
   O homem coçou a barba e os olhou:
   - Não sabemos com certeza mas... a umas semanas, uma moça apareceu por aqui. Estava toda coberta com um manto preto. Ela passou pela vila e foi em direção do nosso cemitério, e então...
   - Foi terrível! - falou a esposa do homem - ver nossos familiares e amigos que morreram, assombrando as ruas, arranhando as portas das nossas casas...
   - Depois que a chuva passar, nós vamos dar uma olhada nesse cemitério.
   Os aldeões tentaram argumentar que isso era loucura, mas a dupla de caçadores não demonstrava qualquer medo
   A chuva parou, tomaram chá e se aqueceram à fogueira. O homem não levou-os até ao cemitério, ele ainda tinha medo de sair de casa durante a noite, mas lhes indicou como chegar lá, não era muito longe; ficava numa pequena colina, à norte da vila.
   Abriram a porta e saíram da pequena casa. Na rua, os restos dos zumbis jaziam espalhados pelo chão. Sônia notou que conforme eles deixavam o lugar, vários olhinhos curiosos os olhavam por frestas de portas e janelas.
   Gabriel caminhava à frente com o chicote na mão, e logo atrás dele, Sônia carregava um lampião, iluminando um pouco o caminho. 
   Alguns minutos de caminhada depois, os dois estavam de frente a um portão de ferro enferrujado, que levava até uma pequena colina, onde ficava o cemitério. 
   Cautelosamente,  adentraram no lugar. Muitos túmulos estavam abertos e vazios, mas outros ainda continuavam fechados.
   - Eu sinto uma energia estranha vinda to túmulo ali do topo - disse Sônia com voz trêmula. - Necromancia...
   No tal túmulo que ela indicou, havia um símbolo estranho desenhado com sangue. Não era nada que Gabriel recordasse já ter visto, mas Sônia continuava afirmando que era trabalho de um necromante.
   - É necromancia fraca - disse ela - só para perturbar os mortos  os fazer andar por ai.
   - Então quem fez esse feitiço é fraco nas arte das trevas?
   - Ou só tá querendo brincar com o sentimentos das pessoas...
   - Você pode desfazer isso?
   - Claro, só vou precisar de um tempo.
   A sacerdotisa ajoelhou-se no chão e começou o ritual de purificação do símbolo,para remove-lo. Espalhou sal e agua benta por toda a marca, ao mesmo tempo em que orava. Gabe por sua vez, sentou-se em um dos túmulos, para descansar. Olhou o paisagem lá cima, era noite, mas mesmo assim, viu algo que o deixou intrigado.
  
- Fugata daemones et spiritus nequam!
    Uma fumaça negra subiu da marca no chão e ao longe, eles puderam ouvir uivos de dor, como se varias pessoas estivessem sofrendo.
  - Pronto. - disse ela, levantando-se - eles vão encontrar seu caminho agora. vão descansar.
   - Você é muito boa nisso.
   - Deus está comigo. Tudo que eu faço é porque ele me permite.
   - Amém. Ei, eu tava pensando... aquilo mais adiante, parece um moinho, não parece?
   Ela apertou os olhos por uns segundos e depois respondeu:
   - Sim, parece sim. Eu imaginei que estávamos perto de Olney, mas parece que estávamos mais perto do que pensávamos.
   - Então ali é o esconderijo daqueles vampiros. Vamos para lá agora mesmo!
   - Não vamos. - ela disse firmemente.
   - O que? vamos sim, é pra isso que viemos aqui!
   - Gabriel, essas pessoas precisam de nós agora. Temos que ajuda-las a limpar os corpos nas ruas, orar por eles e sepulta-los mais uma vez.
   - Nem pensar! já perdemos tempo demais. Desde que fomos contratados para encontrar aquela menina, a Ashlotte Ainslead, buscamos esse lugar. Eliminar os vampiros que se escondem alí é nosso objetivo! Vamos limpar os vampiros dessa parte da Europa.
   - É isso que você realmente quer? salvar pessoas? banir os vampiros? ou simplesmente saciar seu ódio, espancando e matando vampiros? Isso não vai trazer o seu irmão de volta!
   - Deixe Jonathan fora disso! - ele arfava de raiva.
   - Pense um pouco, não acha estranho o que ta acontecendo? TUDO que nos aconteceu nos últimos meses nos guiou ate aqui, até este ponto que por um acaso, fica bem de frente com o moinho de vento da colina Olney.
   - Então o que? ta dizendo que é algum tipo de armadilha?
   - Não! mas há a possibilidade! Não se atire ao perigo dessa forma!
   - Acho que daqui para frente nossos caminhos divergem. Eu tenho minhas escolhas e você tem as suas.
   - Eu não vou abandonar essas pessoas em um momento tão delicado.
   - Me desculpe, mas eu não sou um padrezinho, tenho coisas mais importantes pra resolver. 
   - Então meu trabalho não é tão importante quanto o seu, é isso que ta dizendo?
   - Entenda como quiser.
   Ele virou as costas e começou a descer o cemitério.
   Voltaram ao vilarejo. Ela estava muito contrariada, sentia um aperto forte no peito.
   - Não tem como te convencer a ficar? 
   Perguntou Sônia, vendo que ele estava mesmo de partida.
   - Não tem como eu te convencer a vir? - respondeu.
   - Meus deveres estão aqui.
   - Os meus, estão lá. Eu volto para te buscar.
   - Que Deus acompanhe você.
   Gabriel assentiu com a cabeça a partiu. Ainda estava escuro, mas ele sabia que o momento que ele esperou a vida toda, finalmente tinha chegado. Ainda estava com raiva de Sônia, mas não podia deixar de ficar feliz por ter certeza de que ela não iria se envolver com aquilo. Se Laura estava mesmo por trás disso... não vai ser bonito.
   A distancia entre os dois ficava cada vez maior e ela não conseguia deixar de olhar o parceiro se afastando, sumindo na escuridão. Queria estar com ele, mas precisavam dela aqui. Só lhe sobrava orar para que Deus o proteja.

Continua...

by kennen

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